Top 3: Coisas de que menos gosto na maternidade.

O sorriso que compensa tudo. 

É a velha história das aparências. Por um lado, a nossa. Aquilo que não dizemos para que não pensem mal de nós, aquilo que guardamos para que não nos falem pelas costas. Do outro lado, a deles. Os outros. A imagem está em todo o lado: a mãe perfeita, que nunca está cansada, que tem sempre disponibilidade para a família, o trabalho e a casa. Vendem-na as revistas, a internet, as nossas amigas que também são mães. Vendemo-la nós, também. 

Eu não sou uma mãe perfeita e digo-o sem vergonha. Amo a minha filha, mas não gosto de muito do trabalho de ser mãe. Os moralistas dizem: quem não quer, não faz. Os moralistas nunca tiveram filhos. Ou, se tiveram, deixaram ser outros a cuidá-los. As mães são só pessoas. Os pais que são mães são só pessoas. As avós que são mães são só pessoas. E as pessoas têm quebras e ficam cansadas.

Este ranking é uma brincadeira, mas é também uma tentativa de desconstrução da imagem intocada que a maternidade ainda passa. Não é fácil, não é só arco-íris e borboletas. Não quer isso dizer que não valha a pena. Não quer isso dizer que não seja, à mesma, o melhor que existe no meu mundo. 

1. Privação do sono.

Se eu gostasse mais de dormir, hibernava. Nem é só gostar. Eu já fui o tipo de pessoa para quem dormir dez horas por noite pode não ser suficiente. Eu já fui o tipo de pessoa que tem o sono mais pesado do que o Fernando Mendes. Agora, a Chloé respira fundo e eu acordo assustada. Agora, a minha filha faz sestas de meia hora durante o dia e sonos de duas horas durante a noite. Agora, ela dorme na cama comigo quando nenhuma outra solução funciona e eu desperto com pontapés no nariz. Só se fosse masoquista é que achava graça a esta rotina que me transformou num zombie com buracos no lugar de olhos. Falei mais sobre isto aqui.

2. Quando algo pode correr mal... 

A maternidade valida a Lei de Murphy. É sempre quando lhe tiramos a fralda de debaixo do rabinho que ela faz xixi - na nossa cama acabada de mudar. Ou então é imediatamente depois de lhe mudar a fralda e de a vestir que ela volta a fazer cocó; lá tenho de repetir todo o processo, com ela já impaciente e a chorar. É só nos dias em que vamos passear e que ela está com um vestido novo que o cocó passa da fralda para a roupa (lá acaba a saída mais cedo). É só depois de demorar uma hora a vesti-la e a arranjar-me para sair de casa que ela bolça na minha camisola preta: e agora, vou suja para a rua ou chego atrasada? É só nos dias em que vamos jantar fora que ela faz birras, o que nos obriga a engolir a comida e fugir sem pagar (esta parte é mentira, ok?). É preciso mais alguma prova científica de que, com filhos, quando algo pode correr mal, corre ainda pior? Acho que não. 

3. As outras pessoas. 

As pessoas transformam-se quando vêm uma mãe. Já o odiava em grávida. Tocam na nossa barriga sem pedirem, contam histórias macabras de partos sem ninguém lhes perguntar nada, acham que são a Maya e tentam adivinhar o sexo, assumem-se espelhos e dizem-nos que estamos mais gordas. Com o bebé é ainda pior. Fazem comparações: o Manolito aos três meses já comia de garfo e faca, a Ritinha ainda nem tinha nascido e já soletrava o alfabeto. Criticam a roupa que vestimos aos nossos filhos. A sua frase favorita começa sempre por "no teu lugar...". No meu lugar já lhe tinham tirado a mama, no meu lugar já lhe tinham dado frango com batatas fritas, no meu lugar a Chloé já estava inscrita no ballet, na natação e no mandarim. Não tenho paciência, nem para os donos da razão, nem para o mal que me conseguem fazer sentir. 

PS - Também não gosto nada de não conseguir tirar o ovo de dentro do carro, mas isso é mais problema meu do que da Chicco, não é? 

CONVERSATION

1 comentários:

  1. Tenho uma amiga que sempre que relembra as duas gravidezes, diz "odiei estar grávida. Atirem-me pedras". É tão parvo isto de a marta ter que ser tudo encantador... Na verdade, só me fazem lembrar os amores perfeitos. Que não existem. Logo quem vende essa imagem está a esconder a verdade. Como se não dormir, não ter um momento de calma ou a sós fosse sempre divertido. E onde raio dizer que nem sempre é fácil diminui o amor de uma mãe? Na verdade, só o aumenta: as vezes isto é um pesadelo mas aqui estamos todos os dias para o fazer. ❤ Só não se esqueçam da menina quando saírem sem pagar ehehehehhe

    PS: pelas reclamações que ouço sempre, apostava mais na Chicco...

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