O meu restaurante favorito em criança era uma tasca onde mesas de costura equilibravam a linguiça que partilhávamos em família. Lembro-me de disputar com a minha irmã "o lugar do pedal" e de imaginar as roupas que tinham nascido de uma máquina que era já história na vida de alguém. A verdade é que a costura esteve sempre presente na minha vida. Ambas as minhas avós gostavam de partilhar comigo ensinamentos de um ofício que, na altura, me fascinava apenas à distância. Aprendi a pregar botões, mas nunca fui além de saber o óbvio.
Há meses que andava a namorar as fotografias das redes sociais da Maria Modista e a pensar inscrever-me num workshop de costura. Via-o como uma oportunidade de homenagear a minha avó que já não está comigo, de orgulhar aquela que ainda tenho, e, sobretudo, sabia ser uma forma incrível de criar roupa à medida perfeita dos meus gostos. Há magia maior do que ver os desenhos no papel assumirem a forma do nosso corpo? Demorei algum tempo a vencer o receio do fracasso, mas o incentivo constante do Hugo - que me ofereceu o workshop de iniciação no aniversário - convenceu-me a enfrentar o risco.
Só tenho palavras boas para a escola da Maria Modista Almada. É um espaço novo, inaugurado há pouco mais de um mês, e que traz a paciência, a simpatia e a competência como bagagem de um sucesso garantido. Em seis horas, aprendemos a transformar sonhos em calções. Adorei a experiência, sobretudo pela disponibilidade total das formadoras para repetir processos, explicar detalhes e dar apoio nos momentos em que as bainhas ficavam tortas ou a linha repuxava. Percebi que é sim possível fazer a minha própria roupa, conceito que me cativa porque entra na ideia de moda sustentável, única, exclusiva e representativa de quem somos que tanto defendo.
Estes calções listrados foram o resultado de um Sábado diferente, especial e que vou, sem dúvida, querer repetir. São mérito da Maria Modista, muito mais do que meu, mas são também um incentivo futuro. O tecido comprei-o já a pensar num tapa fraldas matchy matchy...
0 comentários:
Enviar um comentário