Somos filhos do mar. Abrimos a janela de manhã, ao acordar, e sentimos-lhe o cheiro, lembrança de estarmos a cinco minutos de uma distância que não existe. Quando temos o oceano tão perto, a nossa vida rege-se por ele. Comanda-nos. Salva-nos. Dói-nos. Senti-o em Madrid: ao vazio de estar rodeada de terra por todos os lados, a martelar, a massacrar. Chama-se saudade. Podia ser fado...
Viver na Caparica é uma benção, esquecida, que nem a invasão veraneante contraria. Só damos valor quando perdemos - eu perdi-a, reencontrei-a, e agora vivo-a. Entre as filas infernais de trânsito, há sempre espaço para uma golfada de maresia. Até parece que os carros andam mais depressa. É essa a ilusão do mar em mim. No Inverno, caminhamos entre a bruma, desafiamos o nevoeiro, encontramos paz num chá abençoado com sal. Quando me afundo na tristeza, reassumo-me no mar. E entre sorrisos, é na praia que me encontro também.
A Chloé já tinha conhecido a beleza triste do areal nas tardes frias. O Hugo tem no sangue o mesmo mar do que eu. No paredão da Costa, demos-lhe um primeiro cheiro de praia, mas ontem, pela primeira vez, levámo-la a tocar na areia, a sentir o mar nos pés e o vento na cara. Adorou. Não me surpreendeu.
Quando eu era criança, não tolerava a presença de areia na toalha. Pisava-a em bicos de pés e sacudia-me em intervalos ritmados. A ligação só chegou depois. A minha filha é diferente. À chegada à praia já sorria, ao picar da areia não esboçou nenhuma defesa, ao frio do mar recebeu-o como a um conhecido de sempre. Senti-a uma alma marítima, algo que já lhe desconfiava pelo entusiasmo com que vive cada banho.
Foi tão bom vê-la comer areia e a explorar um ar novo, na concentração do rosto que não sabe onde está, mas na alegria de se sentir confortável ainda assim. Trouxemos quilos de areia para casa, presos no fato de banho mais amoroso de sempre (da Chicco, ela levou também o vestido do conjunto), mas trouxemos também tantos sorrisos e a ânsia de rapidamente os repetir.
As recomendações, essas, são sempre de lembrar: praia com bebés só entre as 8h e as 10h da manhã, ou já depois das 18h30, o uso de protector solar 50+ (utilizámos o da Uriage) é obrigatório, e o chapéu também é recomendável. A exposição ao sol deve ser mínima e controlada.
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