Passei a Chloé para a caminha de grades!

É como a ressaca, que antecipamos entre copos regados de riso, mas cujos efeitos só sentimos mais tarde, quando a manhã irrompe sem aviso no nosso corpo. É como a ressaca, que nos atropela, assusta e derruba. A Chloé dormiu esta noite, pela primeira vez, sozinha. Cresceu. E é o crescimento dela que me diminui, numa assombração inesperada. De alguma forma, fingi, fingi sempre, que não a vi ultrapassar-me a largura do colo. Ignorei os pés dela a querer saltar do berço. Pensei: é cedo. Pensei: ainda é a minha bebé. Esta noite, a verdade atingiu-me. A minha bebé cresceu. 

Fizemos a transição do berço, no nosso quarto, para a cama de grades, no quarto dela, de forma gradual. Começámos pelas sestas, demos-lhe um período de adaptação. Como é também ali que temos o trocador e todos os brinquedos dela, o espaço não lhe era já estranho. Por isso, avançámos. Aos seis meses, a Chloé deu o primeiro grande passo no processo de independência. Não estava preparada. Eu, muito mais do que ela. 

A médica aconselhou vivamente a mudança. Para lá das questões logísticas, achou que era uma boa forma de a incentivar a dormir mais e melhor. Temos a ideia de que os bebés perturbam e incomodam o sono dos pais, e não pensamos nunca que o inverso também acontece. 

Tentámos manter intocada a rotina da noite, para que no processo não existisse brusquidão nem percepção da diferença. Estava com receio de que outro ambiente, bem como a falta de possibilidade de balançar a cama para a embalar, lhe afastassem o descanso, ainda para mais tendo a minha filha um historial de sono difícil. Não aconteceu. Ela adormeceu, rapidamente, depois de beber o biberon. Eram aproximadamente 23h30. Deixei-lhe ligadas a luz de presença e música - quis passar-lhe, no vazio da minha ausência, a sensação de conforto e segurança, para que ela não se sentisse abandonada ou deslocada. 

Tínhamos planeado usar esta como uma noite de teste. Pensámos até em intercalar os sonos dela - uma noite no berço, outra na cama, até ir ficando pelo quarto sem resistência. Já estávamos preparados para que corresse mal. Correu bem. Acordou já passava das 04h30, bebeu outro biberon, e às 05h já estava novamente a dormir. Voltou a acordar às 10h, sorridente, bem-disposta e cheia de energia. Fez intervalos de sono ligeiramente maiores do que o costume, e "despertou" para o dia bem mais cedo do que é seu hábito. Não posso garantir se foi apenas sorte de principiante, ou se passámos com distinção mais uma etapa do seu desenvolvimento, mas a verdade é que há muito tempo que não me sentia tão fresca - e nem que seja por isso, já vou dar um beijinho à doutora da próxima vez que a vir.






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