A minha irmã e eu temos quatro anos de diferença. Foi quando ela fez seis e eu dez, que, numa união para a altura inusitada, dissemos à nossa mãe que nunca mais nos íamos vestir de igual. Queríamos ter a autonomia da escolha, desenvolver a identidade através do gosto, e, sobretudo, calar as piadas que nos faziam gémeas. Hoje, somos mesmo muito próximas, mas, nesses anos, vivíamos numa competição típica de quem não sabia lidar com tanto amor.
Dezassete anos depois, ressuscitei o pendant. O bom tempo voltou e com ele trouxe-nos os passeios de todas as tardes. Tanto a Chloé como eu agradecemos o sentir do sol e do vento no rosto, bem como o contacto com o mundo para lá das nossas paredes, que a chuva dos últimos dias proibiu. Aproveitei para morder a língua, e, num pedido silencioso de desculpas à minha mãe, incorporei o matchy matchy à minha vida. Como a minha filha não tem irmãs - e dificilmente terá... desculpa, filha! - é comigo que, enquanto não percebe e ainda permite, anda de igual na rua. É impressionante o quanto a maternidade é capaz de tornar reais todos os clichês, que, durante anos, renegamos. Ter um filho torna-nos muito mais vulneráveis a dar o dito por não dito - mas se o castigo for andar de vestido de ganga na rua, então eu aceito-o com um sorriso.
Fotografia: Hugo Lapa
Anda, anda! Porque o vestido te fica espectacular. 😍 e porque mais tarde a Chloé vai olhar de lado ihihihih (As fotografias estão tão bonitas! ⭐❤)
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