A minha mãe conta-me que, em criança, pouco ou nada me entretinha sozinha. Sentava-me em frente à máquina de lavar roupa, fascinada, e ela deixava - até ao dia em que carreguei em todos os botões do painel e lhe estraguei o programador. Gostava de mexer nas molas, como todos os bebés. Brinquedos, só o cesto onde os guardávamos: adorava despejá-lo no chão e, de seguida, sentar-me no sofá a ver televisão (durante cinco minutos). As Barbies só serviam para lhes cortar o cabelo e despir-lhes a roupa, e os outros brinquedos ganhavam pó nas estantes. Queria livros, muitos - eram a única coisa que me prendia à cadeira por algum tempo.
Agora que a Chloé já se vai sentando, quero muito estimulá-la através das cores, das formas, dos sons e das luzes. Quero que ela aprenda a brincar, e que goste de o fazer. Quero que seja criança, que se divirta muito, que se frustre quando não conseguir fazer algo e que resolva essas frustrações à sua maneira. Quero que conheça o prazer de descobrir as coisas sozinha, que se desenvolva e cresça através do riso.
Acredito que este tipo de gosto deva ser estimulado desde cedo, ainda que as preferências dela se inclinem para o desenvolvimento de um perfil semelhante ao meu - nada a fascina tanto quanto a caixa de papel onde veio o tubo de pomada para as assaduras. Aquilo que tenho feito é aproximá-la de diferentes brinquedos, permitindo-lhe que escolha aqueles que prefere através dos sentidos. Toca-lhes, leva-os à boca, e as músicas (audição) e o brilho (visão) também são factores que a atraem - e que a influenciam na maioria das vezes. Tento escolher objectos com diferentes texturas, que tenham objectivos distintos, para que ela tenha ao seu dispor o maior número possível de estímulos. Também a forço a estar sentada, ainda que ela demonstre algum desconforto, e se canse mais rápido. É uma posição mais propícia a que brinque: com puzzles, com blocos que pode empilhar ou destruir, com bonecos.
É tão bom vê-la crescer. Sinto que ela mesma se alegra com cada conquista. Sorri de felicidade com os elogios que lhe faço, vibra e guincha como agradecimento a cada aplauso que lhe dou. Sei que a minha filha é uma criança feliz. E é nessas alturas que tenho a certeza de que estou no caminho certo. Melhor: de que a estou a encaminhar, bem, para esse percurso.
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