Como é que ajudei a minha filha a dormir melhor?


Com seis meses de vida, poucas foram as noites em que a Chloé não dividiu a cama comigo. Às vezes, ao longo de madrugadas inteiras. Outras, só até conseguir que ela entrasse dentro do sono. Muitas delas, deitá-la lado a lado comigo depois de adormecê-la no peito, com medo de que o toque dos lençóis fizesse contraste com o quente do colo e a acordasse num choro sem fim, fi-lo até para maior descanso meu. Sou, como nunca depois da maternidade, a favor do instinto. Domá-lo é um processo que leva tempo, mas a verdade é que acredito que o corpo da mãe continua a ser o habitat natural do recém-nascido, a zona de segurança na qual eles encontram o caminho do descanso e da tranquilidade, e que esse é um conforto que, a ser pedido, não lhe deve nunca ser negado.
No entanto, a ausência de uma rotina de sono na vida da minha filha era algo que eu acreditava que devia tentar corrigir desde já - até para bem da minha sanidade mental. Ensiná-la a dormir sozinha faz parte da transição natural que o avançar dos meses exige. Não tem sido fácil - mais para mim do que para ela, a imposição de regras tem que ser trabalhada e ponderada. Os resultados, ainda assim, têm sido satisfatórios: passámos de uma média de duas para quatro horas contínuas de sono, e, na maior parte das vezes, ela já adormece sem que para isso sejam necessários colos, balançar o berço ou a presença de um adulto. O segredo foi aprender a ler os sinais que a minha filha me enviava. Ela ainda não fala, mas diz-me tudo aquilo que eu preciso de ouvir. 

Respeito o tempo e a rotina dela.
Quero que a minha filha perceba que existe uma diferença entre desrespeitar as regras e fazer-lhes uma excepção, e quero que ela entenda que esse é um direito apenas de quem as cumpre. Por isso, impus-lhe uma rotina, mas não desespero nem a forço, tentando gerir a minha frustração da melhor forma possível para que ela perceba que, se, por algum motivo, não quer lanchar às 17h, pode antes lanchar meia hora depois - desde que lanche. Tento que os horários e a rotina do seu dia-a-dia sejam respeitados, para que ela comece a reconhecer os passos seguintes do processo. Se ela tomar sempre banho às 19h, se for sempre a avó a dar-lhe banho, se depois do banho comer sempre a sopa (e sempre à mesma hora), será ela própria a antecipar que, depois da sopa, vai ficar na cama, sozinha, a ouvir música de embalar. A resistência torna-se, portanto, menor, coisa que não acontecia porque ora lhe dávamos banho às 19h, ora às 20h30, ora comia cedo, ora jantava às dez da noite. Aprendi que estabelecer uma rotina é muito importante, mas, acima de tudo, aprendi a ver a minha filha como uma pessoa, em ponto pequeno mas ainda assim pessoa, com desejos e vontades próprias. 

Alimento-a mais.
Era uma sensação que tinha - a de que a Chloé acordava oito vezes por noite por ter fome. Com pena minha, comecei a oferecer-lhe, por volta da meia-noite, um biberon com leite de fórmula, como complemento da amamentação. A verdade é que passou a dormir mais horas. Também durante o dia reforcei as doses - come papa ao almoço, fruta ao lanche, sopa ao jantar. O resto das refeições que possa querer fazer, por livre demanda, fá-las no peito. 

Rabujar não é chorar. 
Não a deixo a chorar no berço sozinha. Nunca o fiz. O segredo está no verbo: chorar. Aprendi a ter a calma suficiente para separar aquilo que é choro daquelas que são, apenas, manifestações de frustração, ou, até, de um adormecimento mais lento. Já não corro para o berço ao mínimo "ai". Deixo-a gritar, "conversar" e cantar, ter tempo para se acalmar a si mesma. Uso a regra dos trinta segundos: se após esse intervalo de tempo ela ainda estiver inquieta, aproximo-me, dou-lhe a chucha e volto a sair. Nada de colos.

Separo o dia da noite.
Durante o dia, a casa torna-se um poço de luz. Mesmo durante as sestas, a Chloé dorme de janela aberta, com música, com televisão. Não deixo de aspirar por ela estar a descansar. Brinco muito com ela, estimulo-a, deixo-a no tapete de actividades sozinha. Criei-lhe a noção de que o dia e a noite existem e que são complementares, mas diferentes - assim, quando as divisões começam a ficar mais escuras, o barulho começa a diminuir e a interacção com ela começa a ser mais calma e pouco estimulante, a minha filha percebe que a noite chegou, e que se aproxima a hora de dormir.

Finjo que estou a dormir.
Quando a regra dos 30 segundos não surte efeito e a vamos consolar ao berço, a tendência da minha filha é sempre a de nos sorrir. Ver-nos distrai-a, inquieta-a e afasta-a do objectivo que é relaxar completamente. Por esse motivo, já aprendemos, literalmente, a realizar algumas tarefas de olhos fechados - como oferecer-lhe a chucha, empurrar o berço ou acender a luz da presença. Talvez por imitação, ela fecha os olhos também, abrindo espaço para o sono.

Respiro fundo.
Mesmo que me sinta irritada com o facto de ela não dormir, tento não transmitir essa irritação à minha filha. Uma vez mais, cabe-me ter o discernimento de perceber que ela é uma pessoa e que nem sempre tem sono ou vai dormir, ainda que me fosse, a mim, conveniente que o fizesse. Se percebo que ela está agitada ou que não quer mesmo descansar, esqueço as regras e trago-a comigo, deixo-a brincar um pouco, leio-lhe uma história. Interajo com ela, tento cansá-la. Quando a vejo esfregar os olhos ou a bocejar, percebo que, então sim, chegou a hora de a deitar. 

CONVERSATION

1 comentários:

  1. Uma lista cheia de bons conselhos. Infelizmente, nem todas as crianças são de dormir muito ou muito tempo seguido. Mas conseguir ajuda-los é muito importante. A rotina exige hábito, mas tem muita coisa boa. Aposto que acabara por melhorar a qualidade de vida de todos. E depois, a Chloé está casa vez mais crescida e quem sabe começa a demonstrar que gosta de dormir como a mamã Ihihih

    ResponderEliminar

Back
to top