Crop tops laranja e azul turquesa, calções de ganga demasiado curtos, jeans tamanho 34, camisolas S, vestidos muito justos. Aos três meses de gravidez, olhei para o meu armário e percebi que tinha, sem solução aparente, um problema em mãos. E 'em' barriga, pernas e mamas, também.
Grande parte da roupa do meu armário comprei-a quando tinha 50kg de peso e 100kg de insegurança. À medida que a gravidez evoluiu e eu fui engordando (22kg a mais...) cresceu também em mim uma noção diferente de identidade pessoal. A minha. Com ela, uma aversão gigante a quase todas as peças, que, felizmente, nessa altura, já não podia vestir, mesmo se o quisesse fazer. Olhava-me ao espelho e não me reconhecia naquele barrigão, mas aprendi a adorá-lo. Descobri que aquela era eu, independentemente do meu corpo, com valor para lá dele. Essas descobertas ajudaram-me muito a definir a mãe que quero ser, mas reflectiram-se igualmente em todos os outros campos da personalidade, e também na roupa que escolhia vestir.
Sobrevivi durante nove meses à base de dois pares de calças de grávida que comprei para "o safa". Não quis investir, na altura. Tinha a consciência da necessidade de renovar todo o meu armário, mas achei que o devia fazer só depois, quando a minha filha tivesse já nascido, e o meu novo corpo assumido as suas formas definitivas. Não quer isto dizer que não pretenda emagrecer - pretendo, sim. Independentemente disso, a necessidade de ter um armário mais fiel a quem sou impõe-se. A renovação engloba um 2 em 1: preciso de roupa que me sirva, mas preciso também de roupa que me represente.
A Chloé já faz meio ano em Maio. Decidi, com o simbolismo de ser esse, também, o mês do meu aniversário, começar agora um projecto de reconstrução de estilo. Vou doar praticamente toda a minha roupa a instituições de caridade, guardar algumas peças nas quais vejo potencial, e então investir, aos poucos, em itens mais intemporais, que se adaptem à moda de sempre e não àquela que chega e parte rápido demais, e que me façam feliz como mulher que finalmente sabe quem é - e que já está longe daquela miúda que só sentia ter algum valor se usasse roupa justa e chamativa (pelas piores razões).
O "De Zero a Zara" vai contar os passos desse projecto. Hauls, outfits, desabafos, dúvidas e medos: vemo-nos por aqui.
0 comentários:
Enviar um comentário