Estas panquecas saudáveis são uma herança de outra vida. Quando, em 2013, decidi começar o Projecto Phitness, como motivação para perder peso e me sentir melhor comigo mesma, sabia que a fase mais importante e difícil de ultrapassar seria a da reeducação alimentar. Sou neta de um empresário do ramo da restauração, e toda a minha vida convivi de perto com pizzas, massas e hamburgueres. Essa era, para mim, a base de uma alimentação normal. Provavelmente como consequência de uma educação onde comer bem era comer farto, tinha uma relação completamente errada com a comida: usava-a como compensação das tristezas e como companheira das alegrias.
Quando cortei com o fast food e os açúcares, cortei de vez. Não dei ao meu corpo uma fase de adaptação à nova realidade. Hoje, sei que esse não é o modo mais recomendado de fazer a transição para outros hábitos alimentares, mas, na altura, numa fase em que a vida saudável como moda e modo de estar ainda não existia nas redes sociais e nas revistas, cada passo que dava dava-o sozinha. Apesar de tudo, acredito que, naquela altura, em que ainda não me conhecia bem, só assim conseguiria atingir os meus objectivos. Tornei-me a nazi das calorias e dos macros. Controlava tudo aquilo que comia, restringia vontades repentinas e, apesar do pouco equilíbrio com que levava a vida, consegui perder 15 quilos e 13% de massa gorda.
Não me sentia, ainda assim, feliz com o meu corpo. Como disse aqui, acredito que a satisfação passe muito mais pela aceitação do que pelo reflexo. E, quando me dei autorização para voltar a comer porcarias, o comboio descarrilou. Esse, e não um bebé a crescer dentro de mim, foi o principal motivo para ter engordado 22 quilos durante a gravidez: a quantidade e a qualidade da comida que me permiti.
Em 2016, recomeço o Projecto Phitness, agora mais madura e com uma nova permissa: a de não ser extremista, de me permitir pecar quando me apetecer, e sobretudo de educar os gostos para que essa vontade não seja tão frequente. Quero criar uma base alimentar sólida e variada, e quero sentir-me livre para fugir dela quando disso for caso. Não há regras, não há contagens, há apenas uma perspectiva mais saudável da comida. O famoso nem 8 nem 80.
Agora, os meus pequenos-almoços são mais felizes. É uma das vantagens de estar em casa com a Chloé: levanto-me enquanto ela ainda dorme, junto uma banana esmagada a um ovo e a três colheres de sopa de farinha de aveia, polvilho com canela a gosto, e, em 5 minutos, tenho umas panquecas deliciosas no prato. Alimentam-me o estômago e, acima de tudo, confortam-me a alma. Essa não é a responsabilidade da comida, mas se conseguirmos bem nutrir o espírito e o corpo, então é sinal de que estamos no caminho certo.
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